Mosteiro da Batalha
Em cumprimento de um voto e para comemoração da vitória da
batalha de Aljubarrota, 1385, o rei D. João I, mandou edificar um mosteiro com
a sua igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, que todos conhecem
como o Mosteiro da Batalha.
A construção do edifício teve início em fins do séc. XIV adoptando estilos gótico e manuelino.
A construção do edifício teve início em fins do séc. XIV adoptando estilos gótico e manuelino.
Ao visitante interessa observar, as naves, a capela octogonal
com o túmulo de D. João I, os claustros, a sala do capítulo, célebre pelo
arrojo da abóbada e as capelas imperfeitas (assim designadas por nunca terem
sido terminadas, não chegando a receber cobertura).
História de Portugal: a Batalha de Aljubarrota
A seguir à crise de 1383 – 1385, Vasco da Gama narra a Batalha de Aljubarrota ao rei de Melinde. Trata-se de um episódio bélico, no qual se destacam as figuras de Nuno Álvares Pereira, considerado uma das personagens mais corajosas da História de Portugal e de D. João I, mestre de Avis, que combatendo ao lado do exército, incita os soldados portugueses a lutarem contra os inimigos. É importante referir que o exército castelhano era quatro vezes maior que o português e que nesta batalha estava em causa a independência de Portugal.
A Batalha de Aljubarrota
travou-se no dia 14 de Agosto de 1385, entre portugueses e
castelhanos, e está inserida no conjunto de confrontos motivados pela luta
da sucessão ao trono português.
Esta batalha foi um momento alto e
importante na luta com Castela, pois desmoralizou o inimigo e aqueles que o
apoiavam, e praticamente assegurou a continuidade da independência nacional.
Batalha de Aljubarrota (est. 28 a 45)
Tema e divisão em partes:
O texto, cujo tema é a descrição da batalha de
Aljubarrota, pode dividir-se em três partes lógicas. A primeira parte
(28 e 29) constitui uma espécie de introdução, em que o poeta assinala o
terrível efeito provocado, na natureza e nas pessoas, pelo espantoso sinal
lançado pela trombeta castelhana para o começo da batalha. A segunda parte -
desenvolvimento (de 30 a 42) é a descrição propriamente dita da
batalha (entrecortada por um comentário emotivo do poeta na estrofe 33),
em que se realça a acção de Nuno Álvares (30, 34 e 35), o movimento
terrificamente barulhento e confuso da refrega (31), a referência aos irmãos
de Nuno Álvares que lutavam do lado dos castelhanos e respectivo comentário do
poeta (32 e 33), a acção de D. João I, que, como chefe e rei, a todos
entusiasmava não só com palavras, mas também com o exemplo (entre as setas
dos inimigos corro e vou primeiro).
Finalmente, a terceira e última parte –
conclusão (43-45) apresenta-nos a desmoralização e fuga desastrosa dos
castelhanos e a vitória eufórica dos portugueses.
Primeira
parte – Introdução (est. 28 e 29)
Síntese
A
trombeta castelhana dá o sinal para a guerra e este ecoa por toda a Península
Ibérica, desde o Cabo Finisterra ao Guadiana, desde o Douro ao Alentejo. As
mães apertam os filhos contra os peitos. Há rostos sem cor e o terror é grande,
muitas vezes maior do que o próprio perigo. Durante o combate as pessoas, com o
furor de vencer, esquecem-se do perigo e da possibilidade de ficarem feridas ou
mesmo de perderem a própria vida.
Análise estilística das estrofes 28 e 29:
0 poeta realça logo o tremendo sinal de combate, dado
pelos castelhanos, por meio dos adjectivos horrendo, fero, ingente,
temeroso, som terríbil. Com o fim de realçar o efeito produzido por
esse tremendo som da trombeta castelhana, há a personificação de seres da
natureza física (o monte, os rios) que, eles próprios, tremeram frente a esse
terrível sinal de guerra. Associada à personificação surge também a hipérbole:
o Guadiana atrás tornou as ondas de medroso; correu ao mar o Tejo duvidoso. Como
símbolo do medo e terror deste som da guerra aparece a ternura das mães, aos
peitos os filhinhos apertando. O efeito deste sinal de guerra é ainda
realçado pelos rostos macilentos (quantos rostos ali se vêem sem cor). Para
realçar este pavor que precedeu a própria batalha, o poeta afirma, a jeito de
conclusão, que nos perigos grandes, o temor é maior muitas vezes que o
perigo.
Segunda parte – Desenvolvimento (est. 30 a 42)
Síntese
A guerra começa. Uns são movidos pela defesa da sua
própria terra e outros pelo desejo de vitória. Os inimigos são muito numerosos,
mas os portugueses defendem-se com bravura. D. Nuno Álvares Pereira
destaca-se na luta. D. Diogo e D. Pedro Pereira, irmãos de Nuno
Álvares Pereira, estão a combater contra ele, “(caso feio e cruel)” – no
entanto, não tão grave como combater contra o rei e a pátria. No primeiro
esquadrão há portugueses que renegaram a pátria e combatem contra seus irmãos. D.
João I, sabendo que D. Nuno Álvares corria perigo, acudiu à linha da frente
para apoiar os guerreiros com a sua presença e palavras de encorajamento e, com
um único tiro, matou muitos adversários. Depois desta situação, os portugueses
mais entusiasmados lutam sem recearem perder a vida. Muitos são feridos, muitos
morrem, mas a bandeira castelhana é derrubada aos pés da lusitana.
Com a queda da bandeira castelhana,
a batalha tornou-se ainda mais cruel. Sem forças para combaterem, os
castelhanos começam a fugir e o rei de Castela vê-se derrotado e
impedido de atingir o seu propósito.
Análise estilística da estrofe 31:
Na estrofe 31 note-se a
expressividade dos adjectivos: espesso ar (a salientar que a própria atmosfera
se mostrava de ar carregado), estridentes
farpões, pés duros, ardentes cavalos, duras armas; a
expressividade dos verbos: tiros voavam, treme a terra; vales soam,
espedaçam-se as lanças, tudo atroam, recrescem os inimigos. Há
também a inversão da ordem das palavras (hipérbato), ao gosto clássico. Mas o
que mais impressiona nesta estrofe é a admirável
harmonia imitativa (onomatopaica) que existe entre o seu corpo fónico e o barulho
da batalha. Como exemplo, aponte-se a frequência das sibilantes dos três
primeiros versos e do 5º, sugerindo o sibilar das setas; as aliterações
verificadas sobretudo nos versos 3º e 6º; a frequência dos rr, sobretudo
no versos 2º, 4º e 6º, imitando o som ríspido e rude da refrega. Há
ainda o ritmo próprio do verso heróico, com os acentos na sexta e décima
sílabas, a alternância de ritmos (binário e ternário) e a frequência das
oclusivas (p, t, d, b, c), tudo isto sugerindo, sobretudo nos quatro primeiros
versos, o tropel dos cavalos. Observe-se, finalmente, o trocadilho nos dois
últimos versos pouca e apouca.
Em poucos textos da nossa literatura o significante terá
tanta importância como nesta estrofe 31, para dar visualidade e impressionismo
à mensagem.
Aqui as palavras valem quase tanto pelo seu corpo fónico
(significante) como pelo seu significado, na construção da mensagem. Veja-se
como o corpo fónico das palavras sublinha o seu significado nestes dois versos,
em que as aliterações e a sucessão de sibilantes se aliam ao encavalgamento,
para sugerirem a catadupa estilhaçante de lanças e armas nas sucessivas quedas:
Espedaçam-se as lanças, e as frequentes
Quedas co as duras armas tudo atroam.
Intenção e efeito da
estrofe 33:
Esta intervenção emocional do poeta,
apostrofando célebres traidores da pátria, serve para, a jeito de coro na
tragédia, pôr em evidência e comentar o caso feio e cruel de dois irmãos de
Nuno Álvares se encontrarem do lado dos castelhanos, lutando contra a sua
pátria e contra seu irmão. A descrição da batalha é um episódio essencialmente
cavaleiresco, dominado do princípio ao fim pela bravura patriótica de Nuno
Álvares. O facto de surgirem dois irmãos, como ele portugueses (esses
renegados), lutando contra a pátria e contra o irmão, além de conferir maior
dramatismo à descrição pelo que há de chocante em semelhante traição, vem
realçar a figura impolutamente patriótica de Nuno Álvares. A descrição da
batalha de Aljubarrota é-nos dada pelo poeta sobretudo como um quadro exaltador
de Nuno Álvares.
Terceira
parte – Conclusão (est. 43 a 45)
Síntese
Os castelhanos fogem vencidos e
encobrem a dor das mortes, a mágoa, a desonra, maldizendo e blasfemando de quem
inventou a guerra ou atribuindo a culpa à sede de poder e à cobiça. D. João
I passa alguns dias no campo de batalha para comemorar e agradecer a Deus a
vitória com ofertas e romarias, mas D. Nuno Álvares Pereira, que só quer
ser recordado pelos feitos bélicos, desloca-se para o Alentejo.
oi es bue gira meu , tu a direita
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